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3 anos depois
Âncora: Estamos ao vivo nesse momento com nosso correspondente na 1 ° Vara Criminal da Capital, onde todos aguardam o início da audiência; quais informações contém nesse instante?
Jornalista: Todos os canais de mídia do país se concentram nessa manhã aqui na frente da 1 ° Vara Criminal. Onde ocorrerá a última sessão do tão aguardado julgamento de Ágatha Campbell acusada de assassinar a sangue frio seu então ex namorado Bernard Stewart, filho do ex-Tenente Joseph Stewart. Os promotores do caso, assim como todas as testemunhas já adentraram ao local, a imprensa entrará na corte com exatamente uma hora de antecedência do julgamento. A ré e sua advogada ainda não chegou, e segundo nos foi dados que elas serão as últimas a virem, pois o tribunal não quer mais aglomerações em torno do caso. O que se espera hoje é que após sete dias exaustivos de julgamento, ao final dessa sessão a prisão definitiva da acusada seja decretada. Segundo fontes nossa mesma não possui um álibi confiável, segundo o promotor,
Âncora: Entretanto sua advogada garante que a mesma é inocente. Não podemos esquecer que a senhorita Lee é uma advogada renomada aqui no Brasil, após se formar na Coréia ela regressou ao seu país de origem e dedicar-se a uma defesa pública, já vimos a senhorita Lee em ação e sabemos da sua capacidade, entretanto esse caso é totalmente diferente dos demais que já acessorou. No entanto, algo que chama a atenção nela é que geralmente não defende como pessoas que consideram culpadas. O que podemos aguardar do julgamento hoje?
Jornalista: que provavelmente a senhorita Lee errou nessa defesa, acredita-se que por ser muito jovem ela não saiba como agir, o que se espera hoje é que ao final da sessão sua carreira estará completamente acabada. Voltamos ao estúdio.
Assistia as notícias enquanto tomava meu relaxante café naquela manhã; a mídia parecia povorosa, o que era normal já que o caso envolvia alguém do alto escalão, pelo visto aquele julgamento julgamento renderia bastante. Após 7 dias de um longo processo, parecia que tudo chegaria ao fim mesmo dia.
XX: vejo que está olhando como notícias, está pronta? Indaga Eduardo adentrando meu escritório, me vendo um tanto relaxada.
Ayla: Sim estou. Já organizei tudo, só me resta acabar meu café e iremos. Aliás, aceita um café? Questionei calma. Ele semicerrou os olhos.
Eduardo: Não está nervosa? Ayla esse julgamento será muito complicado, por que não tenta um acordo com a promotoria, talvez consiga uma boa pena para seu cliente caso faça isso. Sugeriu ele. - E não, não quero café.
Ayla: Um acordo? Não muito obrigado, Eduardo você me conhece e sabe que quando decido algo eu sigo até o fim. O julgamento não será fácil, mas sei que vou vencê-lo; além do mais, assim como todos desse país você também acredita que Ágatha seja culpada mas eu não vejo assim.
Eduardo: eu reconheço um criminoso quando vejo Ayla, afinal trabalho com isso.
Ayla: Acredite meu amigo, eu também sei como um criminoso idade, eu passei o pior da minha vida nas mãos de um. Relembrei todas as coisas a qual fui exposta quando estava com Kang. - Estudei comportamento criminal, e mesmo que todos digam isso. Ágatha Campbell não é uma culpada.
Eduardo: você mudou bastante, nem parece aquela garota que namorei há anos atrás. No entanto, apenas estou preocupado com você e com sua carreira.
Ayla: Bem, se até às estações mudam, por que eu permaneceria igual? Obrigado por sua preocupação, mas sei o que faço. Agora vamos?
Eduardo: Claro, vamos lá senhorita Lee, defensora dos culpados inocentes. Ironizou meu amigo me irritando um pouco.
Já exatamente 3 anos desde que havia retornado ao Brasil, e tudo que tinha feito foi me encher de trabalho, de certa forma aquilo que me deu origem a não entrar em depressão depois de tudo que aconteceu. Havia sido muito difícil dizer adeus a vida que tinha formado no Canadá, sentia saudades de todos, de Sarah, dos meninos e em especial do Fernando, o único homem que amei e ainda amava. Me doeu tanto aquela separação, que ainda não havia esquecido suas lágrimas quando nos despedimos. Não cheguei a falar com ele desde então, apenas via algumas notícias sobre a empresa e vez ou outra encontrava uma foto sua em revistas ou jornais. Ele permanecia lindo como sempre, me perguntava se ele havia me esquecido. Se encontrou encontrado um outro alguém, se ele soubesse que desde que o deixei não me relacionei com mais nenhum homem, que permanecia o amando mais do que nunca. Que todos os dias sonhava com ele e com uma vida ao seu lado, morava no meu anel de noivado que ganhara dele três anos antes, nunca retirei aquela jóia; era a única coisa que de certa maneira me mantinha próxima dele. Relembrei suas palavras no nosso último encontro.
"Eu vou esperar você Ayla. Não importa o tempo que leve, vou te esperar"
Se poderia ao menos vê-lo uma vez, lhe diria tudo que guardei por esse ano. Pensava distante enquanto Eduardo continuava a falar ao meu lado.
Eduardo: Você é que falei?
Ayla: não, desculpe estava concentrada. O que disse?
Eduardo: que meu divórcio foi concluído. Sorriu.
Ayla: oh entendo; então já é um homem livre?
Eduardo: Sim, completamente. Não que estava pensando?
Ayla: nenhum julgamento. Menti olhando meu telefone, vendo uma notificação de mensagem, desde que voltei ao Brasil Eduardo e eu nos aproximamos, ele foi meu primeiro e único namorado antes de Fernando, mas o que sentia por ele e o que sentia por Nando eram coisas totalmente diferentes. Por Eduardo era apenas carinho, mas por Fernando era um sentimento de amor contínuo. Abri minhas mensagens me deparando com algo estranho.
XX: Advogada Lee, estou ansioso para vê-la em ação hoje, a propósito está linda como sempre. Você cortou o cabelo?
Ayla: Quem é? E como conseguiu meu número?
XX: sou um admirador do seu trabalho e claro seu também 😉. Sorri discretamente ao ler mensagem.
Ayla: belo truque Dom Juan, mas não caio nessa. Não sei quem é você mas me deixe em paz.
XX: eu apenas quero lhe desejar boa sorte, mesmo sabendo que vai vencer.
Ayla: sorte? Não preciso disso.
XX: Tão arrogante. Não acha?
Ayla: não, agora me deixe em paz ou vou abrir uma ação contra você.
XX: que medo!
Senti um tom de sarcasmo naquela mensagem. E fiquei me perguntando de quem poderia ser aquele número, mas no momento estava concentrada apenas no julgamento, assim que acabasse eu encontraria esse Dom Juan de quinta que estava me escrevendo e iria processá-lo. Meu veículo parou em frente ao tribunal e logo uma aglomeração de jornalistas foi formada em volta, Eduardo desceu impedindo que eles se aproximassem
Jornalistas: senhorita Lee, quais argumentos usará hoje? Foram sete dias de julgamento e não conseguiu provar nada. Acredita que vencerá? Como ficará sua carreira caso fracasse?
Eduardo: saiam da frente, ela não tem nada a declarar. Falava me ajudando a adentrar ao tribunal, eu entendre alguns políticos, sério a imprensa às vezes era muito impertinente. Adentramos a Vara Criminal e me senti aliviada ao cruzar aquela multidão de pessoas.
Ayla: obrigada Edu, esses jornalistas são mesmo um saco. Preciso me concentrar antes da sessão, mas antes quero lhe pedir algo. Sei que também acredita na culpa da senhorita Campbell, mas não confio em mais ninguém além de você, então quero que realize a escolta dela até aqui. Pedi ao meu amigo que me olhava não muito contente.
Eduardo: tudo bem, mas farei por você. Vai ficar me devendo uma. Se aproximou um pouco de mim e sussurrou ao meu ouvido. - e eu vou cobrar depois. Sorriu malicioso me analisando.
Ayla: Art. 216-A Código Penal - Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de hierárquico superior ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, carga ou função. Pena: detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. Não me assedie Eduardo ou processo você.
Ele caiu na gargalhada, o que era um tanto divertido e contagiante.
Eduardo: Nossa, você possui a lei na ponta da língua. Como esperado para um grande Lee Ayla. Ok não me processe por favor, mas ainda assim vai ficar me devendo uma. Beijou meu rosto e saiu.
Eduardo era um homem muito bonito, forte, alto e com um físico que agradaria muito mulheres sem dúvidas; ele sempre chamou atenção quando namorávamos, não por ser bonito, mas por ser atencioso e gentil; eu gostava dele naquela época, mas na atualidade não, Fernando ainda permanecia tão presente em minha mente que nenhum homem por mais maravilhoso que fosse, superaria ele. Sabia que Edu talvez fosse tentar algo em algum momento agora que estava divorciado, mas infelizmente não corresponderia. Observava ele a partir da busca do meu cliente, quando sinto meu telefone vibrar, o peguei abrindo como mensagens.
XX: quem é esse cara? E por que ele beijou seu rosto? Você está saindo? Franzi a sobrancelha, de novo esse número.
Ayla: É meu outro admirador 😉. Resolvi entrar na brincadeira.
XX: Não tenho dúvidas que vários. Porém não pode sair com ele. Esse cara nem faz seu tipo.
Ayla: Será mesmo? Acho que está enganado, sempre gostei de homens com uniformes. Expressei, de certa maneira aquela ’conversa’ estava me descontraindo, e eu precisava daquilo.
XX: eu conheço seus gostos Ayla.
Ayla: mas era só o que me faltava! Você não sabe um terço sobre mim então escuta aqui fulano, caso continue me incomodando, eu vou rastrear seu telefone e te processar.
XX: rsrs, você é tão esquentadinha senhorita Lee. Mas não acredito que seja capaz de me processar.
Ayla: esquentadinha? Ri fraco lendo e imaginando quem poderia ser. Apostava que era algum dos idiotas corruptos da promotoria, era bem a cara deles aprontarem uma daquelas para poderem me desestabilizar momentos antes da audiência; mas não conseguiriam eu iria vencer aquele caso. Pensava comigo mesma, quando alguém falou ao meu lado.
XX: então você é a advogada que está defendendo aquela cretina? Exclamou-se e reconheceu-se-se como sendo Joseph Stewart, pai da vítima. Era a primeira vez que o via pessoal.
Ayla: Senhor Stewart, peço que modere suas palavras para se referir a minha cliente. Contestei calma.
Joseph: cliente? Hum, é por isso que a defende? Por causa do dinheiro, advogados como você são da pior espécie. É por isso que esse país é assim corrupto, não sente vergonha de ganhar dinheiro com a desgraça dos outros?
Ayla: não estou ganhando dinheiro com a dor de ninguém, apenas tentando evitar que uma inocente vá para a prisão.
Joseph: Inocente? Riu em escárnio. - Aquela vagabunda não é nada, assim como você, as duas são iguais, por isso a defende. Mas te garanto uma coisa, ao final desse julgamento vou enterrar sua carreira sua advogadazinha de quinta. Expressou com ódio.
Ayla: também vou lhe dizer algo, irei lhe processar por calúnia e difamação e ao final desse julgamento, exijo uma retratação a mim e meu cliente. Senhor ex tenente Joseph Stewart. Retruquei antes de sair para sala que me foi reservado para poder aguardar o início do julgamento, revisar todas as minhas teses e as perguntas possíveis da promoção, realmente aquele caso teria tudo para afundar minha carreira caso me saísse mal. Me levantei nervosa andando de um lado para outro na sala, quando uma porta abrir revelando meu cliente.
Agatha: Senhorita Lee? Tudo bem? Inquiriu-me tirando dos meus pensamentos.
Ayla: sim, apenas estava pensativa, mas não se preocupe, como foi a vinda até aqui?
Agatha: cansativa, sabe havia muitos jornalistas e pessoas aguardando minha chegada, eles me xingaram tanto. Felizmente o policial Eduardo foi muito gentil e não sem que me agredissem. Afirmou triste. - Me pergunto quando esse pesadelo vai acabar?
Ayla: hoje Agatha, tudo será esclarecido hoje. Não se preocupe. Tentei tranquiliza-la com minhas palavras.
Ágatha Campbell era uma mulher nos seus 27 anos; dona de uma empresa de cosméticos, conheceu o senhor Bernard Stewart e teve um relacionamento de dois anos que acabou quando ela descobriu sua traição. Os dois têm várias desavenças após a separação e Ágatha sempre foi uma mulher de temperamento forte. Infelizmente ele acabou morto em seu apartamento e ela foi acusada injustamente. Por ser filho do ex-Tenente José, homem alto escalão da Marinha brasileira, sua vida acabou se tornando um pesadelo. E o meu papel era provar a todos do país que ela era inocente. Mesmo que todas as provas feitas contra ela.